04/04/2025

B3 moderniza plataformas e reduz em 70% tempo de conclusão dos negócios

Conhecido como latência, esse intervalo é hoje de 350 microssegundos, mais rápido do que um flash fotográfico


 

São Paulo, 4 de abril de 2025 – Os investimentos constantes em tecnologia permitiram à B3 reduzir em 70% o tempo entre o envio de uma ordem de compra e venda e sua efetiva execução. Essa métrica, conhecida no mercado como “latência”, é um elemento fundamental para os investidores, especialmente os que operam em alta frequência (High Frequency Trader - HFT). Atualmente, a latência do sistema de negociação da bolsa é de aproximadamente 350 microssegundos – mais veloz, por exemplo, do que o flash de uma câmera fotográfica, que dura cerca de 1 milissegundo.

Em 2023, a latência da bolsa estava em 1,2 milissegundos. Ao longo do ano passado, esse patamar foi sendo reduzido – até chegar aos atuais 350 microssegundos – graças a diversas melhorias tecnológicas. Os avanços incluíram, por exemplo, a adoção de um protocolo internacional binário, que permitiu acelerar o processamento das ordens. O resultado foi um ganho de velocidade sem qualquer mudança nos controles de risco pré-negociação.

“Nossa meta agora é alcançar uma latência abaixo de 300 microssegundos até 2026”, diz Rodrigo Nardoni, vice-presidente de Tecnologia da B3. Ele comenta que o aprimoramento constante do sistema de negociação faz parte do planejamento estratégico da bolsa, tendo como foco a satisfação do cliente.

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Rodrigo Nardoni, vice-presidente de Tecnologia da B3. Foto: Divulgação

Em termos práticos, o executivo explica a latência da seguinte maneira: a partir do momento em que uma corretora envia uma ordem de compra e venda, esse pedido percorre um caminho de validações dentro da B3, que envolve parâmetros gerais, atendimento a aspectos regulatórios, avaliação de risco etc. Somente após essas etapas é que o negócio é confirmado ou não. E esse tempo de resposta é justamente a latência.

Conseguir validar uma transação o mais rápido possível é importante para os investidores de maneira geral, mas sobretudo para os HFTs, conhecidos por usar estratégias que envolvem algoritmos avançados para conseguir executar um grande número de ordens em alta velocidade. Com isso, respondem atualmente por cerca de 40% dos negócios realizados no mercado de ações brasileiro, cumprindo um papel relevante de gerar liquidez para vários ativos.

Para atender esse público de maneira mais eficiente, a B3 disponibiliza um serviço chamado “co-location”, que consiste na hospedagem da infraestrutura tecnológica do cliente bem próximo ao data center da bolsa, situado em Santana do Parnaíba (SP). Com isso, o risco de falhas ou atraso na comunicação entre os sistemas cai consideravelmente.

“Além da velocidade, vale destacar que nosso sistema de negociação é um dos mais estáveis do mundo, tendo registrado um grau de disponibilidade de quase 100% no ano passado, marca superior ao que é percebido atualmente por investidores no mercado internacional”, afirma Nardoni.

 

Evolução do mercado explica importância da latência

A importância da latência para os negócios em bolsa realizados atualmente passa pelo histórico do próprio mercado de capitais brasileiro. Por volta de 1900, as transações eram realizadas em uma sala pequena, com poucas pessoas e instrumentos limitados – o que dá a dimensão do quanto esse universo era restrito. Avançando para as décadas de 1940 e 1950, o ambiente já era mais amplo, com uma quantidade bem maior de agentes e os preços eram registrados em uma lousa, dando maior visibilidade e permitindo um aumento no volume de negócios. Ainda assim, as transações só aconteciam naquele local, com os recursos da época, sem comunicação com o exterior.

Posteriormente, surgiram os operadores que recebiam ordens por telefone das corretoras e negociavam nos pregões das antigas Bovespa (ações) e BM&F (mercadorias e contratos futuros) pelo sistema conhecido como viva-voz. O auge dessa forma de negociação foi na década de 1990, quando a Bovespa chegou a ter cerca de 1.400 operadores e a BM&F, outros 1.200. A evolução das redes de computadores e o surgimento da internet, no entanto, permitiram a migração dos negócios para o ambiente eletrônico e o sistema viva-voz foi extinto, em 2005 pela Bovespa e, em meados de 2006, pela BM&F.

Hoje em dia, as corretoras captam as ordens via home broker ou por telefone e mandam um sinal eletrônico para a B3 sobre o pedido de compra e venda do cliente. Esse ambiente tecnológico permite ainda que robôs, programados via algoritmos, disparem automaticamente ordens de negociação com base nas variações de preço de determinados ativos escolhidos para serem monitorados em tempo real.

 

Tecnologia também traz ganhos de produtividade para a B3

A aposta em qualidade e alta tecnologia trouxe também outros resultados expressivos para a B3 em 2024, frente ao ano anterior. Verificou-se, por exemplo, um aumento de 71% na quantidade de entregas de soluções e uma redução de 28% no tempo de resposta aos alertas e demandas dos clientes.

De forma geral, as entregas de soluções com a aplicação de inteligência artificial em todo processo de engenharia de softwares da bolsa resultaram em um ganho de produtividade da ordem de 8% no ano passado.