Mercado de carbono

São Paulo, 18 de setembro de 2024 – O Brasil inicia uma nova etapa nas ações de combate às mudanças climáticas. As empresas Reservas Votorantim (RV) e ECCON Soluções Ambientais terão a sua metodologia de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) registrada na primeira plataforma nacional de registro de projetos geradores de créditos de carbono, em fase de desenvolvimento pela B3.

A iniciativa está em construção e foi anunciada pela B3, Reservas Votorantim, ECCON Soluções Ambientais e ACX, com a participação do Grupo CCR, no Brazil Climate Summit, evento realizado em Nova Iorque, que discutiu o papel do Brasil como provedor de soluções capazes de apoiar a descarbonização global.

Nessa primeira fase de implantação, a plataforma vai registrar os projetos desenvolvidos por RV e ECCON com base na PSA Carbonflor, metodologia inédita de mensuração dos serviços ecossistêmicos, incluindo o carbono florestal, via projeto de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). O objetivo da plataforma é facilitar o acesso às informações desses projetos e acelerar o processo de emissão de crédito de carbono para que as empresas compensem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE).

A B3 possui infraestrutura sólida de mercado e conta com experiência em plataformas centralizadas que são usadas pelo setor financeiro brasileiro e instituições reguladoras. Dentre elas está a infraestrutura para o registro e a negociação de créditos de carbono, fruto da recente parceria com a ACX para integração do ambiente de registro da B3 à plataforma da ACX, na qual os emissores de créditos de carbono realizam as negociações com as empresas que desejam reduzir o impacto ao meio ambiente e se adaptar às práticas ASG.

Este conjunto de fatores credencia a B3, a bolsa do Brasil, a criar um ambiente que registre também os projetos geradores de créditos de carbono, baseados na metodologia PSA Carbonflor. “A plataforma vai receber as informações dos projetos e será um repositório dos seus dados. Além disso, a iniciativa está alinhada à estratégia da B3 de criação de novos produtos ASG e no desenvolvimento da agenda econômica sustentável”, afirma Leonardo Betanho, superintendente de Produtos de Balcão na B3.

Os documentos e relatórios inseridos na nova plataforma ficarão disponíveis para garantir transparência dos projetos. Os créditos gerados pela metodologia PSA Carbonflor ficarão registrados na plataforma da B3 e poderão ser negociados em plataformas de negociação de créditos de carbono, como a da ACX Brasil, que proporciona liquidez e capilaridade dos créditos. A previsão é de que a plataforma esteja disponível para registro dos projetos em 2025.

“Para a Reservas Votorantim, a criação dessa plataforma é um passo importante para a maturidade do mercado de crédito de carbono brasileiro, sendo uma solução que reduz custos, aumenta a transparência e viabiliza o desenvolvimento de metodologias tropicais, acelerando os esforços de descarbonização do Brasil. Com processos mais ágeis e com base tecnológica, espera-se um ganho de confiança e escala para o país no mercado de carbono”, conta David Canassa, diretor executivo da Reservas Votorantim.

Yuri Rugai Marinho, CEO da ECCON Soluções Ambientais, aponta que “o mercado de carbono está acostumado a utilizar metodologias e plataformas criadas em países no norte global. Tais instrumentos foram importantes para o caminho de descarbonização do planeta, mas ainda existe uma barreira cultural que precisa ser trabalhada para se entender a necessidade de plataformas e metodologias customizadas para o mercado brasileiro”.

Mesmo ainda na etapa de estruturação, a nova plataforma já conta com um potencial cliente. Acreditando na iniciativa, o Grupo CCR será a primeira empresa a comprar créditos de carbono de um projeto que será registrado na plataforma da B3. Pela primeira vez em sua história, a Companhia comprou 67 mil toneladas de crédito de carbono gerados pela PSA Carbonflor, metodologia aplicada no Legado das Águas, a maior reserva privada de Mata Atlântica do país, administrada pela Reservas Votorantim. Os créditos, que serão registrados na plataforma no início de sua operação, serão usados para compensar as suas emissões de escopo 1.

“Como maior empresa de infraestrutura de mobilidade do Brasil, o Grupo CCR vem implementando uma série de ações para promover a descarbonização de suas operações de rodovias, aeroportos e mobilidade urbana. Fomos a primeira empresa do nosso setor a ter as metas de redução das emissões aprovadas pelo SBTi e a anunciar o compromisso de ser neutro carbono nos escopos 1 e 2 até 2035. Participar desta iniciativa é mais um passo nesta jornada, e está em linha com o nosso objetivo de liderar a agenda ASG em nosso setor”, afirma a diretora de Sustentabilidade, Inovação e Responsabilidade Social do Grupo CCR, Renata Ruggiero.