10/09/2024

Banco Central aprova dois casos de uso da B3 no Drex


São Paulo, 10 de setembro de 2024 - O Banco Central divulgou, no dia 3 de setembro, a lista com 13 casos de uso do Real Digital (Drex) aprovados pela instituição. Nessa segunda fase do projeto, foram apresentados 42 casos de uso por diferentes instituições financeiras com intuito de criar produtos e serviços que utilizem a tecnologia do Drex para solucionar diferentes problemas do mercado financeiro. Na próxima fase, as instituições devem trabalhar juntas para desenvolver as soluções propostas e iniciar os testes de aplicação. 

A B3, bolsa do Brasil, teve dois casos aprovados pelo Banco Central. O primeiro foi apresentado pela Unidade de Infraestrutura para Financiamentos e propõe utilizar a tecnologia blockchain para criar uma solução segura e transparente para o financiamento de veículos, usando tokenização para criar ativos digitais negociáveis e rastreáveis. A solução busca resolver uma dor existente no processo do financiamento que ocorre quando um veículo que está sendo analisado para a concessão do crédito possui um gravame ativo e, portanto, possui um impedimento que inviabiliza que a proposta siga para a etapa de pagamento.  

A proposta da B3 é que cada veículo receba um token não fungível, que represente sua propriedade e histórico. Da mesma forma, um token da Cédula de Crédito Bancário (CCB) seria vinculado ao do veículo, com todos os dados do contrato de financiamento.

A partir desse processo será possível criar uma clearing de veículos, usando a aplicação da tecnologia de blockchain e expertise da clearing da B3 para quitar o saldo devedor do financiamento ativo e dar baixa na alienação, permitindo que a nova alienação do veículo ocorra de forma automática. As etapas de liquidação financeira ocorrerão dentro da Plataforma do Drex do Banco Central. 

“A clearing de veículos é um caso que nos permite realizar testes relevantes para melhorar a jornada das instituições financeiras na concessão de crédito, assim como a experiência do financiado que está buscando um crédito para comprar um carro. Especialmente no segmento de veículos, onde a B3 atua como operador do Sistema Nacional de Gravames (SNG), temos a responsabilidade de apoiar o mercado nessa evolução tecnológica. Além de avaliarmos os benefícios do Drex e a tokenização de ativos, selecionamos uma solução aplicável que atende às necessidades de nossos clientes”, diz Rodrigo Amâncio, diretor de Produtos de Financiamento da B3.

O caso de uso apresentado pela B3 contará com a participação de clientes que já fazem parte do piloto, como o Santander. O banco BV também atuará em parceria com a B3 devido a sinergia dos casos de uso apresentados pelas duas instituições. 

Outras instituições financeiras que não estão participando do piloto poderão em breve se inscrever e participar dos testes com a B3, uma vez que a aplicação tem como objetivo trazer benefícios para esse mercado.

O segundo caso de uso aprovado prevê a tokenização de debêntures e propõe implementar, na plataforma do Drex, um smart contract que operacionaliza toda a gestão do fluxo de vida de uma debênture. Desta forma, será possível viabilizar uma debênture nativa digital, levando em consideração as responsabilidades dos envolvidos nos processos desde a emissão, distribuição, até a negociação secundária e o resgate. 

A proposta engloba a criação de modelos flexíveis de smart contract para a emissão das debêntures tokenizadas, gerando maior transparência da oferta para os investidores, garantia de propriedade, execução realizada por entidades autorizadas dos tokens na rede blockchain e liquidação financeira via plataforma do Drex. Além disso, será possível implementar, de forma automatizada, o processo de compra e venda no mercado secundário, incluindo o fluxo da liquidação financeira via Drex, com ordens centralizadas e acessos pela B3. 

A tokenização de debêntures trará diversos benefícios para o mercado como digitalização de processos que atualmente dependem de fluxos custosos, burocráticos e manuais; redução de custos devido à maior eficiência e otimização nos fluxos operacionais; redução de riscos financeiros e operacionais com a utilização de uma rede DLT com imutabilidade das transações; maior agilidade, já que fluxos de liquidação que hoje dependem de duplos comandos e validações de terceiros poderão ser feitos de maneira instantânea, entre outros.  

“Nos últimos anos, a B3 vem criando iniciativas para aperfeiçoar seus serviços e se manter alinhada com as tendências e novidades do mercado. Como parte dessa agenda de inovação, estamos participando do projeto piloto do Drex, juntamente com o Banco Central, desde os primeiros momentos da construção. O nosso objetivo é contribuir com o desenvolvimento de tecnologias para ajudar a modernizar e transformar o mercado financeiro”, explica Viviane El Banate Basso, vice-presidente de Pós-Negociação e Emissores da B3.