21/08/2025
Na B3, líderes debatem agenda para "COP de Soluções" e caminhos para transformar potencial climático do Brasil em negócios

Viviane Romeiro, Diretora do CEBDS; Flora Bitancourt, Líder da World Climate Foundation no Brasil; e Ana Buchaim, Vice-Presidente de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social da B3
São Paulo, 21 de agosto de 2025 – Em um encontro que reuniu algumas das principais vozes da agenda sustentável do país, o B3 Climate Day consolidou um chamado para a ação: a COP30, que será realizada neste ano em Belém (PA), precisa ser a "COP de Soluções", focando em projetos escaláveis que tenham o poder de dar vazão ao potencial econômico da transição climática no Brasil. Estiveram presentes no debate representantes das organizações do BID Invest, World Climate Foundation, CEBDS e SBCOP30, Ministério da Fazenda, C.A.S.E e banco Safra.
O consenso entre os presentes é de que o país possui uma janela de oportunidade única para liderar a agenda global, que irá se tangibilizar com, por exemplo, a regulamentação do mercado de carbono e a implementação da Taxonomia Sustentável Brasileira. O objetivo, na ponta, é reduzir o risco dos investidores, criar liquidez e destravar projetos que dependem de financiamento.
Ao abrir o evento, a Vice-Presidente da B3, Ana Buchaim, estabeleceu o tom de urgência, afirmando que "não há mais espaço para retrocessos". Ela destacou que as consequências do desequilíbrio climático já representam um risco econômico que pode superar 27% do PIB global e que, segundo o IPCC, o mundo precisa reduzir as emissões em 45% até 2030 para evitar os piores impactos. "O Brasil tem uma combinação única de recursos naturais, matriz energética limpa e políticas emergentes que o posicionam como líder em soluções climáticas globais", concluiu Ana.
"Hoje conseguimos demonstrar projetos que são rentáveis com facilidade, mas como dar visibilidade para projetos muito necessários que ainda não geram lucro? Buscando mecanismos de compartilhamento de riscos", afirmou Matias Cardomingo, Coordenador Geral de Análise de Impacto Social e Ambiental no Ministério da Fazenda.
“Não existem patentes para boas ideias”
O CEO do BID Invest, James Scriven, reforçou a escala do desafio ao mencionar que serão necessários investimentos na ordem de US$ 1,3 trilhão para desenvolver soluções climáticas. A visão dos debatedores sobre como destravar esse potencial foi clara, destacando a necessidade de criar um ambiente de negócios favorável e colaborativo.
Para Scriven, a chave é que "o setor privado precisa criar negócios rentáveis que sejam bons para as empresas e para as comunidades". Essa visão foi complementada por Paula Kovarsky, Co-chair da SBCOP30, que ressaltou a importância da comunicação com o mercado internacional: "Precisamos ser capazes de traduzir nossas vantagens competitivas em uma linguagem que o mundo compreenda e o dinheiro chegue aonde precisa chegar". Já Ana Costa, representante da C.A.S.E, lembrou que "diante da urgência que temos, não existem patentes para boas ideias. Temos que falar em colaboração, e não em competição."
Somado a isso, o mercado de carbono, com potencial para gerar até US$ 120 bilhões em receita, foi definido como um ativo estratégico que precisa da regulamentação para criar liquidez e destravar o financiamento de projetos. Essa mobilização do mercado financeiro se conecta a um foco renovado do setor privado, que, segundo os especialistas, saiu do campo das recomendações para a execução de projetos concretos, escaláveis e financiáveis, a exemplo de movimentos como a coalizão SBCOP30 e a iniciativa C.A.S.E.
"As soluções sustentáveis já são a realidade: elas são a fonte do desenvolvimento econômico do nosso país", comentou Joaquim Levy, Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Safra.
O consenso final do B3 Climate Day foi claro: a COP30 será o palco para o Brasil mostrar que sua liderança ambiental se traduz em oportunidades econômicas reais. Para isso, a colaboração entre setor público e privado na construção de um arcabouço regulatório claro e de projetos bem estruturados será o legado mais importante do evento.
"Acreditamos que a COP30 será uma COP de avanços. Sendo o Brasil um tradicional negociador de natureza, podemos conduzir o debate com grande potencial", concluiu Flora Bitancourt, líder da World Climate Foundation no Brasil.
Também participaram do evento Janaina Vilella, Diretora de Comunicação e Sustentabilidade da B3 e Virgínia Nicolau Gonçalves, Superintendente de Sustentabilidade da B3.