07/03/2025
B3 destaca importância da pauta de diversidade, equidade e inclusão para o resultado das empresas

São Paulo, 7 de março de 2025 – A B3 realizou hoje um Toque de Campainha pela Equidade de Gênero, evento simbólico para celebrar o Dia Internacional da Mulher (8/3), que reúne aproximadamente 50 bolsas de valores ao redor do mundo. Em seu discurso, o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, ressaltou que ambientes que reúnem justiça, acessibilidade, inclusão e representatividade são mais lucrativos, à medida que existem pontos de vistas diferentes, soluções distintas e mitigação de riscos.
Ele lembrou que B3 tem uma dupla responsabilidade no mercado, de servir de exemplo e de induzir boas práticas. “Lideramos a agenda ASG há mais de 25 anos no Brasil e seguimos demonstrando nosso protagonismo, com entregas de produtos e serviços que ajudam todo o mercado, inclusive os investidores pessoas físicas, a olharem para essa temática”, afirmou o executivo. “Não vamos retroceder. Vamos continuar avançando e, no longo prazo, estaremos orgulhosos das escolhas que fizemos e do impacto que geramos para a nossa sociedade e para o país.”
Ana Buchaim, vice-presidente de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social da B3, reforçou o papel da bolsa de apoiar e guiar as companhias. “Estamos firmemente comprometidos em continuar promovendo um ambiente mais inclusivo e equânime, e seguir induzindo e ajudando o mercado a evoluir.”
Finkelsztain ressaltou que, internamente, a B3 segue trabalhando fortemente as questões de representatividade, pertencimento e inclusão. Das mais de 500 vagas abertas pela bolsa em 2024, 72% foram fechadas com pessoas de grupos sub-representados. A B3 terminou 2024 com cerca de 40% do quadro composto por mulheres e com 27% de pessoas negras. Atualmente, 31% dos cargos de liderança na companhia são ocupados por mulheres e a meta é elevar essa fatia para 35%, até 2026. Em relação à alta liderança, a B3 integra o grupo de 6% das empresas que possuem três ou mais mulheres na diretoria executiva e conselho de administração.
No papel de indutora do mercado, Finkelsztain chama atenção para o Anexo ASG, cujos primeiros reportes começam a ser feitos neste ano pelas companhias listadas, no modelo “pratique ou explique”. O documento reúne medidas propostas pela bolsa para estimular a diversidade de gênero e a presença de grupos sub-representados em cargos de alta liderança, além do reporte de boas práticas ambientais, sociais e de governança.
Outros pilares relevantes na B3 são a oferta de produtos e índices temáticos, que passam pela coleta e padronização de dados, auxiliando as companhias a se desenvolverem e apresentando ao mercado ferramentas para medir e acompanhar a geração de valor de quem investe em questões ASG. Nesse sentido, um dos destaques é o IDIVERSA B3, o primeiro índice de diversidade da América Latina que contempla raça-cor e gênero, lançado em 2023.
Perspectivas para diversidade, equidade e inclusão no Brasil
O evento na B3 apresentou também um painel de discussões sobre o horizonte e principais desafios para as políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) no país.
Luciana Galan, oficial sênior da IFC, braço de investimentos privados do Grupo Banco Mundial, ressaltou que o tema é um dos pilares da missão do Grupo de erradicar a pobreza em um planeta habitável. “Equidade de gênero é também uma necessidade econômica”, disse. Ela citou um relatório do Fórum Econômico Mundial, segundo o qual o avanço na pauta de equidade poderia adicionar US$ 12 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) global e aumentar a produção dos países em até 35%.
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, comentou o recente movimento de algumas empresas norte-americanas de recuarem na pauta ASG. Segundo ele, isso pode ser um desafio para as companhias brasileiras e ocorreu por uma razão bem clara: não existem mulheres e negros nos espaços de poder desses grupos. “Esse é o próximo avanço a ser perseguido para que as políticas de diversidade, equidade e inclusão sejam de fato sustentáveis”, afirmou.
Vanessa Reis, diretora-executiva do Great People Diversity, acredita que as empresas que se destacam como melhores para se trabalhar têm se movimentado em relação ao tema e não estão preocupadas em retroceder. De acordo com ela, as companhias que conseguiram integrar políticas de DEI em sua estratégia já perceberam o quanto isso agrega valor e contribui para a longevidade do negócio. “E como a melhora do clima é para todo mundo dentro da empresa, isso se reflete no resultado.”
As discussões apontaram também a importância de se fazer uma associação direta entre equidade e resultado dentro das empresas. Os especialistas recomendam que as companhias tracem metas de longo prazo para DEI tendo em vista a estratégia de negócio. Além disso, é fundamental que meçam suas práticas e vinculem os resultados às bonificações e participações nos lucros.
“As companhias que são percebidas como diversas em suas lideranças também são vistas como mais inovadoras, resilientes a crises, e possuem capacidade maior de trazer o cliente para o centro do negócio”, afirmou Luiza Mattos, sócia da consultoria de estratégia global Bain & Company.